segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

o problema dos homens...

- Teresa, afinal, o que querem as mulheres?

- O plural é algo arrogante e faz das rosas um buque qualquer. Sou uma rosa vermelha meu caro Poeta, não brotei para ser um buque, não nasci para ser enfeite. Meus espinhos são defesas poderosas, guardam minha pele vermelha, e todas as pétalas do meu rosto. Meu cheiro é doce. Toda rosa que se preze já descansou nas coxas de uma mulher, daquelas com saias e mini-saias, daquelas nuas e com vestidos.

- Não me pergunte sobre algo que vai além do meu jardim, eu não sei. Sou mulher, não outras mulheres. Sou minhas mulheres e só posso falar do que sinto com fervor. Rasgue o plural, meu Poeta, rasgue-se.

- Enquanto você acha que somos iguais, perde tanta coisa. Ah! Se você soubesse o quanto perde...

- Talvez, algumas mulheres façam o mesmo que você. Plantam-se em caixas de terra comprada, de terra fertilizada, fazendo parte de um todo sem nada. E o sol? Cadê nossa chuva? Cadê os pássaros e os ventos? Isso não é vida, Poeta, pelo menos não para minhas flores.

- Sinta-me, não me crie, já existo!

- Repare! Deslize seus olhos curiosos por curvas que não se veem. Sinta meus seios, mas não esses que você vê. Não esses que meu decote sustenta. Cuspa sua superficialidade, isso está na superfície, isso está à tona. Sou também das profundezas meu amigo, é lá que cultivo minhas azaléias e jasmins. Pena você não saber nadar...

- O que achou dos meus cabelos? Desta vez não cortei só três dedos. Maldito cabeleireiro tinha pedido três dedos, não cinco, não seis. Não são apenas cabelos, sou eu, são meus.

- Com quais ouvidos você me ouve? Minha voz leva tanto sentimento que nem um mar de ressaca poderia carregar. Suas costas são pequenas demais para o meu peso, meu Poeta. Sua poesia rimada mente o que você sentiu. Sua felicidade cheira tristeza. Já me ouviu com os olhos? Já me ouviu com essas flores em seu colo? Tente...

- Não se perca sem se perder meu amigo. Você é o poeta aqui, não eu. Não hoje, não agora. Para ser poeta é preciso ser sentimento, é preciso tocar e sentir o gosto do suor da mulher amada. Quantos sais há nela? Que mar gostoso não? O meu é doce. Mentira! Sal, sal, sal...

- Um mar sem sal, é uma noite sem luar. Um mar sem sal é um mar sem ondas. Um mar sem sal, não é um mar. É água. Um mar...

- Tenho preguiça de escrever, tudo fica extenso, me cansa. Se soubesse o tamanho que tenho, não me perguntaria nada.

- Quer uma dica? Não use cantadas prontas, não comigo. O que é pronto, não me interessa. Me surpreenda, busque em você o que dizem ser vergonhoso e fora de moda. Essa é a tendência das quatro estações. Vista-se Poeta, vista-se!

- Se for falar algo, ao menos fale. Se for segurar minhas mãos, segure com desejo. Me encante, não use o que encanta outras, não busque outras, não sou elas. Compreenda isso, não há “nós mulheres”, há mulher. Perca-se! Não há padrões.

- O senso comum inunda o que pode ser belo e raro. E não estou nele, sou uma mulher impermeável.

- O que você faz de tênis eu faço de salto alto, não para ser do seu tamanho, é que adoro a vista daqui de cima.

- Não seja grosseiro, não sou seus amigos, me veja como alguém diferente, é o que sou. Seja o que você é, seja.

- Meu nome é Teresa, mas poderia ser milhares de coisas. Minhas lágrimas me esvaziam de algo que idealizei. Já me preguei cada peça, meu amigo. Já acreditei em coisas inacreditáveis, e não poderia ser diferente, sou um mar.

- Não confunda minha intensidade e sensibilidade com fragilidade. Tenho feras nos olhos, tenho lobos pelo corpo inteiro.

- Já te mostrei meu poema sobre os homens? Não todos, mas alguns.

O problema dos homens

O problema de alguns homens é elogiar para não pensar

O problema de alguns homens é falar dos meus seios e bunda

O problema de alguns homens é se interessar por algo comum

O problema de alguns homens é querer dominar o que se conquista

O problema de alguns homens é achar que toda rosa leva amor

O problema de alguns homens é serem homens

O problema de alguns homens é achar que dar uma flor é dar amor. Mas o amor não está na flor, está nas mãos que a seguram!

Mãos de amor são mãos de flores!

Danilo Roberto Almeida Alves

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