terça-feira, 6 de novembro de 2018

Percepção



Você acorda, vai ao banheiro, se olha no espelho, faz a barba ou pinta o olho e inicia mais um dia da sua vida, mas é sua vida mesmo, ou você interpreta um personagem? Você amadureceu pra valer ou virou uma cópia falsificada de um adulto? Tenho visto alguns humanos adulterados por aí, “gente grande” made in Paraguai.
Éramos crianças inocentes e protegidas, até que os anos passaram. A adolescência nada mais é do que você percorrendo, sozinho, um amplo deserto e enxergando, ao longe, aquela poeirinha no horizonte que, nos filmes de aventura, indica uma cavalaria armada ou uma tribo de peles-vermelhas se aproximando, qualquer coisa que pareça ameaçadora na imaginação e que assustará ainda mais quando chegar perto – e você não tem nem um reles pangaré pra montar e escapar desse ataque iminente. Sabe que terá que ser muito homem – ou muito mulher – pra enfrentar.
Aquela poeirinha vai se agigantar na sua frente. E então você verá que não são malfeitores com rifles em punho nem os índios estereotipados dos faroestes. São escolhas a fazer, relações amorosas, dúvidas e dívidas, filhos pra educar, a finitude pra lidar e posicionamentos exigidos pela sociedade: a maldita esquadra da maturidade, que não está a fim de negociar com seu amadorismo.
E agora?
Quem encara paga um preço alto. Não tem o recurso de se amparar nas costas de papai e mamãe, não tem a hipótese de transferir as decisões para o dia de São Nunca. Com a coragem que nem sabia que tinha, você assume sua identidade, dá um trato nos seus medos e começa a trajetória: trabalha, rala, ama, sofre, se expõe, se impõe, fala, cala, sofre, destrói, constrói. Mas constrói mesmo. Uma vida legítima. Uma vida sua.
Ou.
Ou se escora. Na mãe velhinha, no pai doente, na mulher com quem está casado há 42 anos, no namorado rico que virou a salvação da lavoura, se escora na chapação, no álcool, nos medicamentos tarja preta, numa idealização fraudulenta (“Sou ótimo, pena que o mundo não reconheceu meu brilhantismo”), se escora na muleta que estiver mais à mão e distribui sorrisos sedutores e desculpas esfarrapadas: sou uma farsa, mas uma farsa de terno e gravata, uma farsa em vestido de baile.
Falsificam-se a si mesmos os que não têm raça. Os que dependem de mil e quinhentos empurrões e, mesmo empurrados, não ganham velocidade, ritmo, rumo. Ficam sempre no meio do trajeto, soluçando, reclamando, retrocedendo à memória das longas tardes no jardim de infância, quando, em segurança, sabiam que seus pais estariam esperando, no final do dia, no portão.
Na maturidade, não tem ninguém esperando no portão pra nos levar pra casa, mas tem uma caminhada excitante rumo a um prazer que só quem se arrisca, conhece. O prazer da independência. O prazer de ter a sua assinatura avalizando cada uma de suas conquistas.
Já quem se falsificou num adulto que parece que é, mas não é, desperdiçou a chance de ter uma vida autêntica porque se assustou com a poeira no horizonte, previu que seria uma luta perdida, que não daria conta. Mas daria. O gigante, em qualquer circunstância, somos nós.
(martha Medeiros) 

segunda-feira, 5 de novembro de 2018

IMPACIÊNCIA





Analisando meus últimos dias , 
pude perceber uma certa impaciência ,
uma falta de vontade de tentar entender algumas coisas, 
pessoas e situações.
Cansa muito tentar entender , se esforçar para não ligar,
sorrir sem vontade e se fazer de desentendida.
Principalmente com gente duas caras.
Gente que a cada dia é de forma diferente te deixando confusa.
E de confusão a vida está cheia.
Tão cheia que nos enche também.
São mal resolvidas , mal intencionadas , mal humoradas ...
Isso não me pega , prefiro me manter distante do que me deixar me envenenar.
De uma coisa eu sei bem.
Me conheço.
Posso ter um monte de defeitos como qualquer pessoa normal.
Mas jamais faço questão de desfazer das pessoas , prefiro ver o lado bom de cada um.Não falo mal de ninguém.
E se por acaso alguém não me agrada me afasto.
Não perco tempo em fazer caras e bocas, e perder tempo com picuinhas.
Não gosta de mim ? ok 
Nem Deus agradou a todos.
E nem tenho essa pretensão.
Só não posso deixar de ser eu mesma , por conta de que desagrada alguém que não tem disposição alguma pra resolver ou tentar me conhecer de verdade.
Posso até me irritar as vezes , com coisas que vão além de meus esforços para ter paz e convívio.
Mas não perco muito tempo com isso dentro de mim.
Converso com Deus e largo isso pra trás.
A vida é curta demais para perder tempo com tanta besteira.
E sinceramente prezo pela minha saúde mental e emocional.
Que DEUS me ajude sempre nisso.
Amém !!!

( Cris Ferreira )