quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

A ALEGRIA NA TRISTEZA

O título desse texto não é meu, e sim de um poema do uruguaio , Mário Benedetti....
No original chama-se " Alegría de la Tristeza"que até onde eu sei permanece inédito no Brasil.
O poema diz que a gente pode entristecer-se por vários motivos, ou por nenhum motivo aparente..
A tristeza pode ser por nós mesmos, ou pelas dores do mundo...
Pode advir de uma palavra ou de um gesto, mas ela sempe aparece...
E devemos nos aprontar para recebê-la...
Porque existe uma alegria inesperada na tristeza...
Que vem do fato de ainda conseguirmos senti-la.
Pode parecer confuso, mas é um alento...
Olhe para o lado :estamos vivendo numa era em que pessoas matam em brigas de trânsito,
Matam por um boné, matam pra se divertir...
Além disso, as pessoas estão sem dinheiro.
Quem tem emprego, segura! Quem não têm procura...
Os que têm um amor, desconfiam até da própria sombra, já que há muita oferta de sexo no mercado...
E a gente corre pra caramba, é escravo do relógio, não consegue mais ficar deitado numa rede...lendo um livro, ouvindo música...
Há tanta coisa pra fazer, que resta pouco tempo pra sentir...

Por isso qualquer sentimento é bem vindo...
Mesmo que não seja um euforia, um gozo, um entusiasmo...
Mesmo que seja uma melancolia...
Sentir é o verbo que se conjuga para dentro...
Ao contrário do fazer, que é comjugado para fora...

Sentir alimenta, sentir ensina, sentir aquieta...
Fazer é muito barulhento...
Sentir é um retiro, fazer é uma festa...
O sentir não pode ser escutado, apenas auscultado...
Sentir e fazer , ambos são necessários...
Mas só o fazer rende grana, contatos, diplomas, convites, aquisições...
Até parece que sentir , não serve para subir na vida...
Uma pessoa triste é evitada...
Não cabe no mundo da propaganda dos cremes dentais, dos pagodes, dos carnavais...
Tristeza parece praga, lepra, doença contagiosa, um estacionamento proibido...
Ok tristeza não faz bem pra sáude...
Mas a instrospecção é um recuo providencial...
Pois é quando silenciamos, que melhor conversamos com nossos botões...
E dessa conversa sai luz, lições, sinais...
E a tristeza acaba saindo também...
Dando espaço para uma alegria nova e revitalizada...
Triste é não sentir nada...


(Martha Medeiros)

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