sábado, 19 de junho de 2010

Sobre o dia 12...


Não tenho namorado. Mas tenho amor. Aos montes. Saindo pelos poros, pingando com o suor. Tenho amor debaixo da cicatriz, na unha pintada. Na unha roída. Amor no mundo que carrego nos olhos.Nas olheiras. No infinito tatuado. Na borboleta nascida. Tenho amor nos cachos e caracóis. Escorrido também. Tenho amor para brigar, xingar, maldizer, matar, morrer. Renascer. Amor de casa, mesa, banho. Tenho amor nas pernas desengonçadas, no umbigo gordo, nos dedos longos. Tenho amor nos pés doídos e nas lágrimas derramadas. Tenho amor por entre os dedos e guardado no bolso. Tenho amor na carne. Na alma. No sexo. Nos sonhos, nos restos, nos pontos, nas reticências. Nas estradas. Na casa. Na asa. Tenho amor no começo e, mais ainda, no final. Amor no sorriso, na fome na sede, na rede, no chão. No ar. Na pedra e na flor. Amor em semente. Amor em raíz. Amor na saudade. Em saudade. Tenho amor pra dizer que é feio e achar bonito. Tenho amor nas palavras, na sinceridade, nas mentiras, nas portas, janelas e fechaduras. Nas frestas. Pra refletir e absorver. Tenho amor na garganta, no nó, no laço, no cadarço, na solidão. Tenho ainda um tanto de amor salivando, respingando e respingado. Tenho amor pra dar de presente. Amor devolvido, contrabandeado, intacto, usado, reaproveitado. Nunca desperdiçado. Amor. Eu tenho. Dou, não vendo. Tenho amor pros espinhos e pras flores. Até para os desamores.Tenho amor cheirando a novo, amor cheirando a mofo, a mato. Tenho amor pra colorir, pra acarinhar, afagar, aconchegar. Tenho amor para chegar, partir e não me acomodar. Amor pra morder, lamber, amassar, cheirar, pegar, largar. Deixar livre. Amor pro dia 12. Pro mês inteiro. Pra vida toda. Pra depois também. Tenho amor pra esperar. Acreditar. Tenho amor e uma boa dose de sonhos. E isso é tudo, eu tenho a sorte de amar...
Aos que amam, com ou sem namorado, feliz todo dia, inclusive hoje, amanhã sempre...

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